De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Barroso registrou 17 acidentes envolvendo animais peçonhentos em 2024. Em comparação com 2023, quando foram registrados apenas 8 casos, houve um aumento de 112,5% no número de acidentes com estes animais. Embora o número seja elevado, nos últimos cinco anos, ele fica abaixo dos picos registrados em 2019 (34), 2020 (25) e 2021 (20), além de ser igual ao de 2022 (17).
As aranhas e os escorpiões foram as espécies mais envolvidas nos incidentes, com sete registros cada. Em seguida, as mordidas de serpentes somaram dois casos, e outros animais peçonhentos foram responsáveis por uma ocorrência. A maioria dos acidentes foi classificada como leve, ocorrendo principalmente na zona urbana.
Além disso, os dados indicam os locais das picadas, sendo a mão o de maior incidência, com 5 notificações, seguida pelo pé (4) e o dedo da mão (3). Quanto aos acidentes com aranhas, a maioria é ignorada, ou seja, quando não é possível identificar o local da picada ou se há manifestações no local.
De acordo com o biólogo Dr. Marcos Magalhães: “Esses casos normalmente ocorrem em áreas urbanas, onde há entulho, e esses ambientes criam condições favoráveis para os escorpiões amarelos do gênero Tityus, além de aranhas como a armadeira ou a marrom, principalmente a armadeira. Esses animais encontram nesses locais refúgio, abrigo e alimento. Quando alguém trabalha sem Equipamento de Proteção Individual (EPI), isso contribui significativamente para o aumento dos acidentes. A recomendação é o uso de EPI, como botas e luvas. Os acidentes ocorrem principalmente em situações como pés descalços, de chinelo, ou nas mãos que manipulam o entulho sem proteção. O problema não é tanto a questão ambiental ou a mudança climática, mas a forma como gerenciamos os ambientes urbanos: muitos terrenos baldios com entulho e até cemitérios, que criam essas condições propícias. Com o uso adequado de EPI, os acidentes podem ser reduzidos. Embora os acidentes com serpentes sejam menos frequentes, também estão relacionados ao uso de EPI, e, normalmente, é o trabalhador rural que necessita de botas e perneiras.”
Com relação ao aumento de acidente no verão, Dr. Marcos explica: “na primavera e verão, com mais chuva e calor, é normal que aracnídeos se proliferem melhor nessas condições. Juntando com o que eu expliquei acima, isso acaba aumentando os casos.”
O bombeiro voluntário Heber Basílio também trouxe informações importantes sobre como a população deve agir em caso de acidentes com animais peçonhentos. Ele explica que, dependendo do tipo de animal, caso a pessoa esteja em casa, o mais indicado é não esperar pelo resgate, mas procurar ir diretamente ao hospital. “Se alguém tiver carro, ou mesmo a pessoa picada, deve se dirigir ao hospital o mais rápido possível, pois o veneno pode afetar a corrente sanguínea rapidamente. A sugestão é que a pessoa seja socorrida por um familiar ou vizinho. Ele também alerta para a desinformação sobre o “sugestionado” corte ou sucção do veneno, dizendo que a primeira coisa a fazer é lavar o local da picada com água e sabão e, em seguida, encaminhar a vítima ao hospital.
Além das aranhas e escorpiões, Heber também menciona que, em caso de ferroadas de abelhas: “Se você vir uma abelha, especialmente a africanizada, o melhor é não atacá-la. Deixe-a sair sozinha. Se você tentar afastá-la de maneira agressiva, ela pode emitir um sinal de socorro, o que atrairá o enxame inteiro para atacar a pessoa”, explica. Ele adverte ainda que picadas de abelha podem ser fatais para quem tem alergia, especialmente dependendo da distância do hospital.
Se o animal causador do acidente for visível, como uma aranha ou escorpião, Heber sugere que seja tirada uma foto para levar ao hospital e ajudar na escolha do tratamento adequado, evitando tentar capturar o animal por conta própria. “Se o animal continuar no local, como dentro de uma casa, acione o Corpo de Bombeiros pelo 193 para fazer a captura segura”, recomenda.
Em resumo, a prevenção dos acidentes com animais peçonhentos depende do uso adequado de EPIs e de uma melhor gestão dos ambientes urbanos. A conscientização sobre esses cuidados pode reduzir significativamente os riscos, garantindo maior segurança para os trabalhadores e a população.