Há 10 anos, o Zé Gotinha ganhou um aliado de peso para manter a paralisia infantil longe das crianças brasileiras: a vacina inativada contra a poliomielite, cuja injeção intramuscular é considerada mais eficaz e segura que as gotinhas que erradicaram a doença no Brasil e em boa parte do mundo. Apesar disso, o aniversário de uma década dessa vacina em agosto é visto com preocupação: a doença reapareceu em algumas partes do mundo, a cobertura vacinal contra a pólio no Brasil está cada vez mais longe da meta de 95% das crianças protegidas.
A vacina inativada contra a poliomielite foi introduzida em 2012 com duas doses, sendo ampliada para três doses em 2016. A recomendação é que elas sejam administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços das gotinhas da vacina oral aos 15 meses e aos 4 anos.
Segundo o Programa Nacional de Imunizações, as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano. Em 2021, que ainda pode ter dados lançados no sistema, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%.
O Ministério da Saúde foi procurado para comentar a queda da cobertura vacinal contra a pólio e as estratégias para revertê-la, mas não teve resposta até o fechamento da reportagem.
O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989 e, em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem, em conjunto com todo o continente americano.
A queda das coberturas vacinais no continente americano, porém, fez a Organização Pan-Americana de Saúde listar o Brasil e mais sete países da América Latina como áreas de alto risco para a volta da doença.
Informações: Rádio Nacional