A grande maioria dos mineiros não quer deixar de contar com a possibilidade de contratar uma viagem de ônibus por meio de um aplicativo. Esta é uma das constatações de um levantamento feito pelo Instituto CP2 com 1.067 moradores de todas as regiões de Minas Gerais, sob encomenda da startup Buser. Entre os entrevistados, a grande maioria – 80,1%, ou seja, oito de cada dez entrevistados – disse que é contra a proibição de aplicativos para transporte rodoviário de passageiros.
Aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em agosto e vetado em setembro pelo governador Romeu Zema, o Projeto de Lei (PL) 1.155/2015 dispõe sobre a prestação de serviço fretado de transporte rodoviário intermunicipal e metropolitano em Minas. O texto impede que uma empresa faça a intermediação entre o prestador de serviço e o usuário – exatamente o trabalho feito pela startup Buser, que está no mercado desde 2017 e organiza fretamentos de ônibus fazendo a ponte entre quem precisa viajar e as empresas de transporte.
O governo de Minas afirmou que o veto foi adotado “por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público de alguns artigos” e para defender “os interesses do povo mineiro e manter o diálogo aberto com a sociedade para construção de soluções para o nosso Estado”. A pauta, agora, volta para análise dos deputados na ALMG.
Maioria desconhece projeto
O levantamento apontou ainda que a população não está a par de uma decisão dos legisladores que pode impactar avida de muita gente, pois 85,6% dos entrevistados disseram que desconheciam o PL 1.155/2015 antes da entrevista feita pelo pesquisador da CP2. Apenas 5,9% afirmaram que já conheciam o conteúdo do projeto, e 8,5% ouviram falar.
“Um projeto como esse, com o impacto que ele tem, deveria ser mais discutido. A pesquisa mostra que 56,3% dos mineiros viajaram nos últimos três anos. São mais de 10 milhões de pessoas impactadas por uma decisão que os deputados pretendem tomar, mas elas não foram ouvidas”, defende Juliana Natrielli, diretora de relações governamentais da Buser.
“E todas as sugestões dadas em audiência pública, com a participação de representantes de muitos dos setores atingidos, como turismo e fretamento, foram desconsideradas”, argumenta a diretora de relações governamentais da Buser.
Ônibus será transporte mais usado por viajantes
Com o controle da pandemia de Covid-19 e a retomada econômica no Estado, os mineiros estão mais confiantes para viajar. E o ônibus será o principal meio de transporte utilizado pelos mineiros, indica a pesquisa realizada pela CP2.
O levantamento indicou que 52,2% dos participantes pretendem viajar nos próximos seis meses. Entre eles, o ônibus foi apontado como o meio de transporte para a realização desses planos por 50,3%, número bastante superior ao uso de carro próprio (32,9%) e avião (12,2%).
O ônibus hoje é o principal meio de transporte utilizado pelos mineiros e só deixa de ser quando a pessoa já possui veículo próprio ou moto. E, entre as pessoas que fazem uso com certa frequência do ônibus, os principais motivos da escolha são a segurança, o conforto e preço”, afirma Audrey Dias, analista de pesquisa da CP2.
A maioria dos entrevistados – 60,3% – afirma que deseja viajar por lazer, um cenário que acena para a melhora no setor de turismo, tão impactado pela pandemia de Covid-19. Outros 26,8% dizem fazer planos para visitar
familiares, enquanto 9,5% esperam viajar a trabalho. “A pesquisa mostra que pouco mais da metade dos mineiros pretende usar ônibus na sua próxima viagem”, afirma Juliana Natrielli, diretora de relações governamentais da Buser. “O ônibus é o meio de transporte mais democrático que existe”, explica.
Informações O Tempo