No último dia 22, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao julgamento de uma ação que propõe a descriminalização do aborto realizado por mulheres com até 12 semanas de gestação. O julgamento foi temporariamente suspenso por um pedido do ministro Luís Roberto Barroso, e será retomado presencialmente. Diante a potencial legalização, líderes religiosos de Barroso, incluindo o Bispo Diocesano de São João del-Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento, e o Vigário Geral, Monsenhor Geraldo Magela da Silva, reafirmaram sua posição contrária e enfatizaram a defesa da vida.
Dom José Eudes Campos do Nascimento, Bispo Diocesano de São João del-Rei, enviou uma nota à Reunião Ordinária da Câmara Municipal de São João del-Rei, realizada em 19 de setembro, solicitando que os representantes políticos levem as preocupações da população, predominantemente cristã e contrária ao aborto, ao Congresso Nacional.
De acordo com o líder religioso, “jamais aceitaremos qualquer iniciativa que apoie ou promova o aborto… jamais um direito pode ser reivindicado à custa de outro ser humano, mesmo quando ainda está em desenvolvimento. O cerne dos direitos humanos é que o ser humano nunca seja usado como meio, mas sempre respeitado como fim”.
“Se até hoje o aborto não foi aprovado, conforme desejam os autores da ADPF, não é por negligência do Parlamento, mas sim devido à completa falta de interesse do povo brasileiro, de quem todo o poder emana, conforme o parágrafo único do artigo 1° da Constituição Federal”, enfatizou Dom José Eudes.
“Portanto, nos posicionamos em defesa da integralidade, da inviolabilidade e da dignidade da vida humana, desde sua concepção até a morte natural”, concluiu o bispo em sua nota à Câmara de São João del-Rei, manifestando sua oposição à descriminalização do aborto.
Líderes religiosos de Barroso também se pronunciaram sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, em votação no Plenário.
O Padre Pedro Wiermann, pároco de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, declarou: “Sou a favor da vida, desde a concepção até a eternidade. Desde a concepção até a velhice, todos têm o direito de viver, até quando Deus permitir. A vida é um direito de todos!”.
Padre Jorge Carvalho, pároco de Sant’Ana, disse: “Não queremos de forma alguma legitimar o assassinato de uma criança indefesa. A ADPF 442 não pode ser levada adiante, e nós cristãos temos a obrigação de lutar sempre em favor dos mais fragilizados, sobretudo daqueles que estão indefesos. Somos contra o aborto porque o evangelho é o evangelho da vida, e nenhuma forma de assassinato pode ser legitimada por nós, cristãos conscientes, que somos de fato contra toda e qualquer prática abortiva.”.
Quem também é contra a descriminalização do aborto é o Reverendo Nixon Gonzaga, Pastor da Igreja Presbiteriana Filadélfia, do bairro São José: “Sou totalmente contra a descriminalização do aborto. A vida pertence a Deus e só Ele tem o direito de tirar. Um feto é uma vida, e abortar é um assassinato.
O Pastor Everton Melo, da Igreja do Nazareno de Barroso, reforça sua oposição à descriminalização do aborto, citando um trecho da Bíblia: “Em Jeremias 15, está claro que antes mesmo da formação no ventre, Deus conhece e santifica cada vida, demonstrando que há um propósito divino desde o início. Contrariando a afirmação de que até 12 semanas não existe vida, essa perspectiva desafia tanto a ciência quanto as escrituras, defendendo a importância da vida desde a concepção.” Portanto, ele reforça seu apoio à vida e sua objeção à legalização do aborto.
Em resumo, líderes religiosos locais manifestam forte oposição à legalização do aborto com base em suas convicções religiosas e no compromisso com a vida desde a concepção. Esse debate complexo sobre os direitos reprodutivos continua a dividir a sociedade, destacando a necessidade de respeitar diferentes perspectivas em busca de um equilíbrio entre a liberdade individual e os valores éticos. O futuro dessa questão permanece incerto, enquanto a sociedade e as instituições enfrentam o desafio de encontrar soluções que considerem todos os interesses envolvidos.
ATO CONTRA O ABORTO EM BARROSO
A reportagem foi informada de que um movimento contra o aborto está sendo organizado em Barroso. Segundo o Vereador João Manoel Filho, conhecido como Dídio Barbeiro, “a ação do PSOL que pretende legalizar o aborto, e a votação conduzida pela ministra Rosa Weber, que sugere que só existe vida após o nascimento, cria uma abertura para a completa legalização do aborto. Diante desse cenário, não podemos permanecer em silêncio e precisamos tomar posições.”
“A primeira medida tomada foi apresentar na Câmara uma moção de apelo, a ser enviada ao presidente da Câmara, Artur Lira, e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, solicitando que a responsabilidade pela decisão não seja deixada nas mãos do STF e seja transferida para o Senado e o Congresso.”
De acordo com o vereador, a moção foi aprovada por unanimidade. Ele também confirmou que moções semelhantes foram elaboradas e enviadas por todo o Brasil. Dídio revelou que “o próximo passo seria organizar uma caminhada no dia 8, que é o Dia do Nascituro. No entanto, devido à festa de Nossa Senhora Aparecida, a caminhada não aconteceu nessa data, então a organização optou por transferir o evento para o dia 17 de outubro, na Câmara Municipal, às 18h30.” A programação para esse dia está sendo elaborada pela equipe de organização do evento e será divulgada em breve.