Artigo de Luciano Vinícius do Nascimento
Construída pelo português Antônio da Costa Nogueira numa das partes mais altas do centro, e portanto longe dos brejos, cursos d’água e enchentes, a ‘Capella de Sant’Anna do Barrozo’ foi o marco da fundação da cidade que viria a ser oficializada como Barroso. Naquele 05 de março de 1729, Costa Nogueira fez a escritura de hipoteca de suas extensas terras, deixando como dote à avó de Jesus, reverenciada tanto em Portugal quanto nas novas terras brasileiras.
Em seus primeiros 100 anos, Barroso teve além de Antônio da Costa Nogueira as famílias de seu herdeiro João Luiz Coelho de Garre, Thomas da Silva e os irmãos Gabriel Gonçalves Campos e Dionísio Gonçalves Campos povoando as terras que iam do Rio Caieiro até o Rio Elvas, cortadas pelo Rio das Mortes.
No século 19, José Francisco Pires, já dono da Fazenda do Barroso se torna o patriarca de centenas de descendentes e de dezenas de famílias nucleares no nascente Distrito, que teve como seus primeiros Juízes de Paz os Irmãos Francisco Gonçalves Campos e Elias Gonçalves Campos. Inclusive Francisco juntamente com Joaquim Ferreira da Silva foram participantes do Dia do Fico e do processo de independência, ao serem signatários com dezenas de outros moradores da então Vila de Barbacena, da qual pertenciamos, de uma carta enviada pela Câmara ao então Príncipe Regente e futuro Imperador Pedro de Bragança, o apoiando e o instado a ficar no Brasil.
Vários viajantes como Dom Pedro I e Dona Amélia, Hasenclever, Saint Hilaire, Langsdorff e Burton desenharam e escreveram sobre o povoado, com suas primeiras fábricas de cal e agropecuária que se desenvolvem com a chegada da Estrada de Ferro Oeste de Minas inaugurada pelo próprio imperador Dom Pedro II.
Ao longo do século 20 grandes barrosenses continuam se destacando na política regional como Arthur Napoleão de Souza e Celestino Rodrigues de Melo, estadual como Baldonedo Arthur Napoleão e nacional como Basílio de Magalhães, que além de prefeito de São João del Rei, foi senador estadual, deputado federal (onde foi de sua autoria as leis sobre o voto secreto e obrigatório, como também a inclusão do voto das mulheres), além de professor, jornalista, folclorista, historiador e diretor da prestigiada Biblioteca Nacional.
As caieiras se expandiram com os bisnetos e trinetos do velho Pires, precursor da nossa atividade industrial, cerâmicas foram instaladas por Silvano Albertoni e Severino Rodrigues Pereira e a fábrica de cimento chegou ao então novo município, um ano e meio após sua emancipação, trazendo com ela centenas de trabalhadores que com suas famílias também construíram Barroso, expandindo a cidade para os bairros.
Com aproximação dos nossos 300 anos, é imperativo que conheçamos nosso passado, erguido sobre a fé cristã e valorizemos nossa rica história, realizada por famílias de homens e mulheres que fizeram e fazem Barroso, com barro, cal, cimento e amor.
*Luciano Vinícius do Nascimento é radialista, pesquisador, chanceler do Círculo Monárquico de Barroso e ocupa a cadeira n° 08 do Instituto Histórico e Geográfico da Região Histórica de Guarapiranga, da Freguesia da Borda do Campo e do Pomba.