A bióloga barrosense Gláucia Mara Moreira fez uma importante contribuição para a microbiologia ao descobrir uma nova espécie de fungo, batizada de Clonostachys itumiriensis. A pesquisa foi publicada na revista científica internacional Mycologia, especializada em estudos sobre fungos.
Gláucia é doutora em Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e iniciou seu trabalho com o gênero Clonostachys ainda no mestrado, em 2011. Durante o doutorado, com parte da pesquisa realizada na Eslovênia, ela identificou a nova espécie em amostras de serrapilheira e musgo coletadas na serra do município de Itumirim pelo professor Lucas Magalhães de Abreu, da UFV, em 2013. “Os representantes dessa espécie foram isolados a partir das amostras e identificados através de análise de sequências de DNA, perfil de proteínas e avaliação da formas e estruturas dos fungos”, explica Gláucia.
A descoberta levou anos para ser publicada, já que a pesquisadora se dedicou a outros projetos, trabalhos e à maternidade. O estudo reforça a importância da ciência básica, responsável por gerar conhecimento que pode ser aplicado futuramente em inovações tecnológicas, agrícolas, industriais e médicas.
Sobre a importância da descoberta, ela afirmou que os fungos desempenham papel fundamental na natureza, atuando como decompositores de matéria orgânica e em associações benéficas com plantas. Espécies do gênero Clonostachys são conhecidas por sua capacidade de controlar biologicamente outros fungos e pragas agrícolas, podendo reduzir o uso de agrotóxicos, aumentar a produtividade e contribuir para a saúde do meio ambiente. “Conhecer novas espécies do gênero Clonostachys é essencial, pois elas podem produzir compostos com propriedades antifúngicas e outros compostos bioativos, que futuramente podem ser aplicadas na agricultura ou indústria”, destaca a pesquisadora.
Gláucia ressalta que a descoberta é resultado de anos de pesquisa financiada com recursos públicos, envolvendo colaborações nacionais e internacionais. Segundo ela, um dos momentos mais marcantes da pesquisa foi trabalhar com o Dr. Hans-Josef Schroers, referência mundial em caracterização de espécies do gênero Clonostachys. “Foi bastante satisfatório perceber que nosso trabalho gera retorno para a sociedade, mostrando a importância da ciência e do investimento público em pesquisa”, ressaltou.
A pesquisadora deixa uma mensagem sobre a relevância da ciência para o desenvolvimento do país. “A pesquisa científica parece às vezes estar distante de nós, e que resultados ficam somente dentro das universidades e centros de pesquisa. Ela é necessária em todas as áreas do conhecimento e deve ser apoiada sempre, com investimento, para a autonomia e o avanço do país”, concluiu. Além da barrosense, outros pesquisadores participaram da publicação em conjunto.
O resumo do artigo, em inglês, pode ser conferido no link www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00275514.2025.2524310.
