Carnaval: Época boa, era a minha!

O Carnaval vem aí. Mais um período em que a animação toma conta dos barrosenses, as ruas se enchem de cor, de batuque e de sorrisos. Mas, quer saber? Época boa era a minha, quando eu saía serelepe rumo ao CRB, o Clube Recreativo Barrosense. Lá, as marchinhas embalavam os passos, e as fantasias, tão criativas, marcavam meu coração como uma fotografia viva.

Época boa era a minha, desfilando nas escolas de samba, sentindo o chão vibrar a cada batida da bateria. Ah, e ainda tinha o estandarte de ouro como melhor passista! Que orgulho, que emoção! O Carnaval de Barroso é histórico, mas, cá entre nós, cada um guarda no peito a sua melhor época.

Lembro-me de me ver pequenino(a) na Cabana. Aquilo sim era cultura! A fantasia já começava na roupa, e eu, com minha camisa de time – normalmente do Cruzeiro ou do Galo – ia juntinho do meu grande amor. Parecia que o mundo parava e só existia a festa, a música e aquela sensação de pertencimento.

Época boa era a minha, quando as ruas se enchiam de figuras conhecidas. Quem não lembra dos grandes carnavalescos e carnavalescas? Era fácil notar a paixão deles: brilhava no sorriso, transbordava no olhar. Gente nossa, dançando, pulando, até mesmo em cima de um caminhãozinho, como se a cidade inteira fosse um enorme salão de baile.

E os carros alegóricos? Ah, os carros alegóricos! Unidos da Avenida, Unidos da Ponte, Santa Maria… Era de enlouquecer quando os bichos mexiam a cabeça! A moçada ensaiava pertinho do Forninho, naquela correria deliciosa de quem confeccionava a própria fantasia, como se estivesse costurando a felicidade com linha colorida.

Não, não, pensando bem, época boa era a minha, quando parte daquela festa se concentrava na Rua Daniel Pantaleão Ferreira. Eu ficava ali, grudado no paredão de som, cercado pela rapaziada, como se o mundo coubesse naquele pedaço de rua.

É que você nunca foi na Alegria do Morro e nos seus bailes! Tinha matinê para a criançada, confete, serpentina e sonhos infantis espalhados pelo salão. Fui até princesa um ano! Dancei, dancei e dancei, como se o tempo não existisse.

E os blocos? Ah, era tanto bloco na rua que eu nem sabia para qual desceria. Saía atrás do primeiro que passasse, porque o importante não era a escolha, mas a folia. Até hoje fico indeciso, Boi Mamado? Geraldo e Geralda? Patrões? Ah, vou em todos! Mas, é claro, tem um que eu não falto de jeito nenhum: a Caminhada Alcoólica, que chegou para ficar.

“Ô tempo bom, que não volta mais!” Essa é a frase mais dita por todos nós, do jovem ao idoso, do solitário ao mais bem acompanhado. Isso é saudade!

Cada lembrança aqui contada é viva na memória dos próprios barrosenses. Aquelas memórias ainda lembradas, podem ser descritas em simples palavras, mas carregam um significado imenso, como a gratidão pela convivência, pela alegria espalhada em um tempo que parecia infinito. Época boa era a minha, não só pelos batuques, pelas fantasias ou pelos prêmios, mas pelas pessoas, pelas conexões que o Carnaval criava. Era mais do que festa — era um abraço coletivo, uma pausa na correria da vida para lembrar que a felicidade, muitas vezes, mora nas coisas simples: no riso compartilhado, no passo desajeitado, no calor humano que tomava as ruas de Barroso.

E sabe o que é mais bonito? Embora eu diga que “época boa era a minha”, a verdade é que cada geração vive seu próprio Carnaval inesquecível. Hoje, enquanto vejo as crianças correndo atrás dos blocos, os amigos se reencontrando, os batuques ecoando pelas mesmas ruas, percebo que a magia continua viva. O Carnaval de Barroso nunca foi só sobre o passado — é um ciclo, uma tradição que se renova, um convite eterno para celebrar a vida.

Então, que venha mais um Carnaval! Que os confetes cubram as ruas e as memórias, antigas e novas, continuem dançando no coração de cada barrosense. Porque, no fim das contas, época boa é aquela que a gente vive intensamente — e essa, quem sabe, não será a melhor de todas?

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