O terceiro caso de infecção pela variante Delta do coronavírus em Belo Horizonte, mais transmissível do que as outras cepas, foi comunitário. A paciente é uma profissional de saúde do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (HMDCC), e a identificação foi feita a partir de exame de sequenciamento genético realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O caso foi decifrado pela entidade em 13 de agosto. A transmissão comunitária foi confirmada a O TEMPO pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Minas Gerais na noite desta terça-feira (17). Transmissão comunitária é definida quando a infecção pelo vírus ocorreu entre pessoas que vivem em um mesmo local, sem que ele tenha sido trazido de fora.
“A SES-MG segue conduzindo a investigação dos casos, junto aos municípios, para avaliação da história clínica e epidemiológica dos pacientes e seus contatos. Diante das investigações realizadas, número de confirmações e distribuição dos casos pelo território, pode-se afirmar que existe transmissão comunitária da variante Delta no estado”, disse a pasta.
Mais cedo, a prefeitura de BH havia informado que “a confirmação da Covid-19 foi no dia 26 de julho de 2021 e a trabalhadora, de 52 anos, permaneceu afastada de suas atividades cumprindo o período de isolamento preconizado. Em 13 de agosto de 2021, a Fiocruz comunicou ao hospital a identificação da cepa Delta. A trabalhadora se manteve estável durante o período da doença, com sintomas leves, e está recuperada”.
Há outros dois casos de infecção pela variante Delta na cidade, em dois adolescentes, de 12 e 14 anos, que haviam viajado a Londres, no Reino Unido, no início de agosto. O secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou, em coletiva na manhã desta terça, que havia 12 casos confirmados e oito “prováveis” da Delta em Minas. (Veja a tabela). Dos comprovados, nove são de transmissão comunitária.
Variante Delta em Minas Gerais:
(Caso/Data de Coleta da amostra/Classificação do caso/Município de residência/Idade/Gênero/Definição de caso [de acordo com a origem])
1 22/05/2021 / Confirmado / JUIZ DE FORA / 33 / MASCULINO / Importado
2 16/07/2021 / Confirmado / BELO HORIZONTE / 14 / MASCULINO / Importado
3 16/07/2021 / Confirmado / BELO HORIZONTE / 12 / MASCULINO / Importado
4 13/07/2021 / Confirmado / VIRGINÓPOLIS / 50 MASCULINO / Transmissão Comunitária
5 22/07/2021 / Confirmado / ITABIRITO / 59 MASCULINO / Transmissão Comunitária
6 20/07/2021 / Confirmado / CARANGOLA / 38 FEMININO / Transmissão Comunitária
7 19/07/2021 / Confirmado / DIVINO / 49 FEMININO / Transmissão Comunitária
8 20/07/2021 / Confirmado / DIVINO / 59 MASCULINO / Transmissão Comunitária
9 20/07/2021 / Confirmado / MONTES CLAROS / 30 FEMININO / Transmissão comunitária
10 20/07/2021 / Confirmado / UNAI / 40 MASCULINO / Transmissão Comunitária
11 20/07/2021 / Confirmado / UNAI / 24 FEMININO / Transmissão Comunitária
12 26/07/2021 / Confirmado / Belo Horizonte / 52 FEMININO / Transmissão Comunitária
13 27/07/2021 / Provável / SANTA LUZIA / 42 FEMININO / Em investigação
14 27/07/2021 / Provável / ITABIRITO / 30 MASCULINO / Em investigação
15 30/07/2021 / Provável / VESPASIANO / 75 FEMININO / Em investigação
16 26/07/2021 / Provável / CARANGOLA / 54 FEMININO / Em investigação
17 28/07/2021 / Provável / MONTES CLAROS / 58 FEMININO / Em investigação
18 29/07/2021 / Provável / CLARO DOS POCOES 47 FEMININO / Em investigação
19 21/07/2021 / Provável / UBERABA / 56 MASCULINO / Em investigação
20 21/07/2021 / Provável / LADAINHA / 66 MASCULINO / Importado
“O Observatório de Vigilância Genômica de Minas Gerais (OViGen-MG) tem realizado o monitoramento semanal das variantes circulantes no estado, através da amostragem aleatória realizada em nove unidades regionais de saúde, escolhidas estrategicamente devido à localização geográfica no território mineiro, totalizando 180 amostras analisadas por semana”, alegou a pasta.
Minas confirma oficialmente transmissão comunitária
O secretário de Estado da Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, confirmou que há transmissão comunitária da variante Delta do coronavírus no Estado em coletiva de imprensa nesta terça.
Apesar disso, em análises genômicas do vírus que circula em Minas, apenas 0,4% das amostras apontam presença da Delta, conforme o secretário.
“Parte dos pacientes não tiveram sequer contato com pessoas de fora do Estado. Fazemos um estudo por amostragem, que era de 180 [amostras por semana], passamos para 200 [amostras] por semana, e focamos nas regiões de maior vulnerabilidade do vírus”, afirmou. Ele citou cidades que estão próximas ao Rio de Janeiro.
“O importante da variante Delta é que os cuidados não são diferentes da Gama [mais comum em Minas]. Não muda a atuação. Os cuidados são os mesmos”, completou.